As Condições Históricas do Fascismo

 

Por Que Alguns Valores Liberais Foram Colocados em Xeque no Período Entreguerras? Qual a Forma Assumida Pela Crise nos Países Derrotados na Segunda Guerra? Quais as Condições Para a Itália se Tornar Fascista?

 

 

 

1 GuerraO período entre as duas guerras mundiais assinalou a crise da sociedade liberal e, consequentemente, o pós-guerra assistiu ao declínio da Europa como centro hegemônico mundial. Assim, novos polos de poder apareceram e os EUA – transformados em “banqueiros do mundo” – e o Japão, acabaram se aproveitando da guerra para aumentar seu poderio.

Paralelamente, os valores liberais como liberdade, individualidade, política, religião e economia começaram a ser colocados em xeque pela importância dos governos, frente às crises econômicas. Ao mesmo tempo em que a crise provocava o aumento dos conflitos sociais, assistimos a uma série de movimentos de esquerda – contestadores da ordem vigente.

Assistimos também ao fortalecimento da ação sindical, embora o movimento operário se tivesse cindido em duas facções: _ os socialistas (ou sócio-democratas, marxistas que tinham abandonado o tema da revolução violenta) e os comunistas, surgidos inicialmente como dissidência socialista e que, sob a influência da tomada do poder pelos bolchevistas na Rússia, dissolveram as atividades voltadas para a derrubada dos regimes tradicionais.

Nos países derrotados (Alemanha) ou insatisfeitos com o resultado da guerra (Itália) a crise assumiu forma violenta e, em ambos os países, o liberalismo não criara raízes, não havendo tradição parlamentar. Daí a formação de grupos de extrema direita, sensíveis aos temas nacionalistas, racistas e antiliberais.

Organizados em formações paramilitares, refletiam também a situação da classe média que empobrecia, em função da crescente concentração industrial e financeira. Daí a explicação para a pregação anticapitalista.

De início, tais grupos eram mais ou menos marginalizados e se valiam de tentativas golpistas para a conquista do governo. Sendo assim, os prolongados efeitos da crise – com a ameaça de revolução nos moldes bolchevistas – levaram os setores mais conservadores e ligados à grande indústria, aos bancos e às finanças a apoiar os movimentos fascistas.

MussoliniTal situação explica duas coisas: _ o fato de os partidos fascistas terem chegado ao poder por via legal (Mussolini em 1922 e Hitler, em 1933) e a busca de bodes expiatórios para a crise, como os judeus, culpados pelo bolchevismo e pelo capitalismo internacional. Entretanto, se o fascismo predominou na Itália desde 1922, na Alemanha (onde tomou o nome de nazismo) sua ascensão foi uma consequência direta da Crise de 1929.

 

A Itália Fascista

 

 

A Itália terminou a Primeira Guerra em situação caótica e as promessas de vantagens territoriais e econômicas não foram concretizadas. Internamente a crise econômica se expressava na inflação, na alta dos preços, no desemprego e no fechamento de indústrias.

A lira se desvalorizou em mais de 75 % e tal situação se mostrava insustentável em um país cuja industrialização se concentrava no Norte. Mal remunerados, os operários se empregavam nas grandes empresas nortistas e a crise social tomou aspectos revolucionários, com a multiplicação das greves.

Dessa forma, nenhum ministério conseguia se formar no poder e a vida política (e a atividade parlamentar) nas mãos de uma burguesia liberal e conservadora, não encontravam a menor correspondência na realidade. A falta de representação do regime parlamentar italiano era agravada pelo fato de grande parte do eleitorado ser católico em um país em que a Igreja Católica conflitava com o Estado Italiano, pregando a abstenção política.

1 GuerraFrente a esse impasse político, os setores conservadores partiram para a contra ofensiva, utilizando-se de grupos armados – fundados por Mussolini em 1919 – que reuniam uma heterogênea massa de insatisfeitos. A partir de 1920, os fascistas passaram a ser subvencionados pelos conservadores e empreenderam expedições punitivas contra os socialistas. A falta de unidade dos seus adversários e a complacência dos poderes públicos impeliram Mussolini a exigir o poder, o qual foi realizado em 1922, quando o fascismo ascendeu ao governo pela via legal.

De 1922 a 1925 Mussolini aceitou a colaboração de políticos de outros partidos e, de início, obteve da Câmara dos Deputados um voto de plenos poderes e os principais cargos passaram para as mãos dos fascistas. Em 1925 os deputados oposicionistas foram excluídos, suprimidos os partidos políticos – com exceção dos fascistas –, os jornais e sindicatos foram fechados e pessoas exiladas.

O Regime Fascista Italiano

 

 

Responsável unicamente diante do rei, o Dulce governava através de decretos, nomeando ministros e sendo assessorado pelo Grande Conselho Fascista. Cabia a este elaborar a lista única dos candidatos às eleições legislativas, confirmadas através de plebiscitos e cabia à Câmara dos Deputados um papel meramente decorativo.

Em 1934 foi promulgada a Lei sobre as corporações: _ patrões e empregados foram reunidos em um mesmo conjunto, visando estreitar ambos os setores em benefício do Estado. A política econômica esboçada desde 1925 visava elevar o nível de vida da população. Desenvolvia-se uma política de natalidade, a qual beneficiava as famílias numerosas. Entretanto, o aumento da população agravou o problema do desemprego.

2ª GuerraO primeiro ato agressivo da Itália fascista foi a Guerra da Etiópia (1935), buscando uma saída para o problema do desemprego e da crise na indústria e, politicamente, teve efeitos internos apreciáveis, pois desviou a atenção nacional para o exterior.

Embora a Liga das Nações tivesse aprovado sansões econômicas à Itália, nada adiantou porque se manteve o fluxo de petróleo para a Península Italiana. Nessa época observou-se a aproximação ítalo-alemã, materializada no Acordo Ítalo-Germânico. Na guerra civil espanhola os italianos enviaram tropas (com os alemães) para auxiliar o fascista Francisco Franco e, às vésperas da Segunda Guerra Mundial, a Albânia era agredida pela Itália (1939).

 

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