A História da Ascensão dos Relógios no Ocidente

 

Em Que Momento da História a Hora Marcada Pelo Relógio se Tornou Importante Para a Humanidade? O Que Era Conhecido Como a “Ciência do Calendário”?

 

 

 

big-ben Na Europa, o relógio se tornou rapidamente uma máquina pública. As igrejas esperavam que seus paroquianos se reunissem regularmente para rezarem e as cidades reuniam as pessoas para compartilharem uma vida de comércio e entretenimento.

Quando os relógios ocuparam as torres das igrejas e campanários das cidades, eles entraram numa fase pública. Aí se proclamaram a ricos e pobres, despertando o interesse até daqueles que não tinham nenhuma razão pessoal para respeitar as horas.

Nenhuma cidade europeia poderia prescindir de um relógio público que chamava os cidadãos para se reunirem a fim de defender, festejar ou chorar. Daí, uma comunidade capaz de concentrar seus recursos num relógio público era muito mais comunidade. O sino tocava para todos e o soar dos sinos da comunidade era um lembrete de que “eu faço parte da humanidade”.

Antes mesmo de terem esgotos ou abastecimento de água, muitas comunidades ofereciam o relógio municipal como serviço público. Dessa forma, cada cidadão quis ter seus próprios relógios (para casa e uso pessoal) e, quanto mais pessoas tinham relógios pessoais, precisavam de os ter também para corresponderem ao que os vizinhos esperavam delas, no tocante a culto religioso, ao trabalho e ao divertimento.

Os primeiros relógios europeus alertavam monges para suas orações, mas quando eles se mudaram para a torre das Igrejas e depois para os campanários das cidades, transferiram-se para o mundo secular. Com um público cada vez maior, o relógio passou a ser exigido para todos os programas cotidianos das pessoas.

E, quando a energia do vapor, a energia elétrica e a iluminação artificial mantiveram fábricas funcionando 24 horas, a hora marcada pelo relógio se tornou o regime constante para toda a gente. Sendo assim, a história da ascensão do relógio no Ocidente é a história de novos modos e de campos alargados de publicidade.

indonesia O contraste com a China é profundo e educativo, pois lá as circunstâncias conspiravam para evitar a publicidade. Os primeiros relógios da China não foram feitos para marcar a hora, mas sim o calendário. Ou seja, era a “ciência do calendário”, a qual foi restrita pelo secretismo governamental. Daí, para encontrarmos pistas por que a “mãe das máquinas” se revelou tão infecunda devemos recordar algumas características da vida na China.

Uma das primeiras realizações chinesas foi um governo centralizado e bem organizado. Em 221 a. C. o precoce rei Zheng aos 13 anos, conseguiu em um espaço de 25 anos, unificar meia dúzia de províncias num grande império com uma vasta hierarquia de burocratas. Padronizou as leis e a linguagem escrita, estabelecendo pesos e medidas e fixou o comprimento dos eixos das carruagens, a fim de se ajustarem aos sulcos abertos para as rodas.

Desde os tempos primitivos um observatório astronômico era essencial no templo cosmológico, o qual se tornou o teatro ritual dos governantes. E, à medida que o governo se fortalecia e se organizava, a astronomia chinesa se tornava mais governamental, em contraste com a da Grécia ou da Europa medieval. Isso significou que a astronomia chinesa se tornara burocrática e esotérica, pois lá, a tecnologia do relógio foi a tecnologia dos indicadores astrológicos.

Assim como no Ocidente a maquinaria para cunhar moedas, imprimir papel-moeda ou fabricar pólvora era rigorosamente controlado e, na China, acontecia o mesmo com instrumentos de tempos calendários.

Os ritos imperiais exigiam que o Imperador definisse os quatro pontos cardeais, mediante observações da Estrela Polar e do Sol. Daí, o Astrônomo Imperial tinha a obrigação de observar a noite da torre do Imperador, interpretando mensagens do céu para o destino do povo. Diga-se de passagem, esses astrólogos estatais elaboraram o mais notável registro dos fenômenos celestes, antes do advento da moderna astronomia.

O registro chinês de um eclipse do Sol em 1361 a. C. deve ser o mais antigo registrado por qualquer povo. Outros registros chineses abrangem longos períodos para os quais não dispomos de nenhuma outra crônica precisa dos acontecimentos celestes. Portanto, a necessidade de relógios que mostrassem a posição dos corpos celestes a cada momento era óbvia, a fim de garantir a sucessão dos imperadores melhor qualificados.

Daí, as casas soberanas da China não obedeciam à regra dos primogênitos e, teoricamente, somente os filhos da Imperatriz podiam vir a ser imperadores, o que deixava o Imperador com um grande número de jovens príncipes que ele deveria escolher como herdeiro.

Revolucao-ChinesaUm Imperador tinha obrigação de prestar atenção aos augúrios astrológicos do momento em que cada príncipe era concebido e, registrar esses fatos com exatidão, era dever das damas-secretárias. Mas, essas curiosidades da corte imperial tinham pouco a ver com a vida dos agricultores. Não se esperava que a comunidade sondasse as profundezas da astrologia estatal, nem tirasse proveito dos dados de instrumentos de medição de tempo calendarial.

Em contraste com o que acontecia na China, a difusão do relógio no Ocidente resultou das necessidades da comunidade, o que significava a necessidade de publicidade. O aperfeiçoamento foi progresso do relógio acionado por pesos para o acionado por molas. Pesos e pêndulos que os acompanhavam enraizavam um relógio no lugar onde tinham inicialmente sido colocados.

Mas, um relógio portátil acionado por mola era versátil no seu habitat. Para os europeus, o relógio marítimo do século XVIII era uma máquina de exploração; isto é, um catalisador para cartógrafos, viajantes, botânicos e navegadores. Com o tempo, o relógio de bolso – e depois o de pulso – colocariam um instrumento de medir o tempo na pessoa de milhões de indivíduos.

 

 

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