Como Ocorreu o Desenvolvimento da Contabilidade Como Ciência e Profissão? Qual a Relação da Contabilidade Com a Revolução Industrial?
Com suas metodologias específicas a Contabilidade vem servindo, ao longo dos anos, como uma importante ferramenta para o registro e a avaliação das atividades das organizações de pequeno, médio e grande porte.
Porém, o desenvolvimento da Contabilidade (como ciência e profissão) foi relativamente lento até o surgimento da moeda e, a natural evolução da sociedade e as primeiras concentrações de riquezas, acabaram levando os homens a aperfeiçoarem métodos de avaliação de seu patrimônio.
A Contabilidade – mais precisamente o contador – surgiu como consequência para organizar, inventariar e registrar as diversas atividades desse homem / produtor. E, o desenvolvimento das metodologias, práticas e teorias contábeis, está diretamente relacionado com o grau de desenvolvimento comercial, social e institucional da sociedade.
O desenvolvimento da Contabilidade foi amplamente influenciado pela Revolução Industrial do século XVIII, onde os métodos convencionais de produção artesanal sofreram enormes modificações decorrentes das novas técnicas manufatureiras.
Com o desenvolvimento do mercado consumidor surgiram as primeiras grandes invenções, como as máquinas de fiar (e as máquinas à vapor), incentivando o crescimento dos empregos e a divisão do trabalho, com cada trabalhador realizando apenas uma etapa do processo produtivo, a fim de aumentar a produtividade e baixarem os custos.
Em decorrência da Revolução Industrial os empresários direcionaram significativas somas de capital para o processo de produção, a fim de se beneficiarem da economia de escala; mas, até essa época, para se levantar o balanço e apurar o resultado do período nas organizações, se utilizava somente o levantamento físico dos estoques no cálculo do faturamento:
CUSTOS DAS MERCADORIAS VENDIDAS = ESTOQUES INICIAIS (+) COMPRAS ( -) ESTOQUES FINAIS
A Contabilidade, na qualidade de metodologia, especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, tem um campo de atuação bastante amplo.
Na verdade, o desenvolvimento inicial do “Método Contábil” esteve intimamente associado ao surgimento do capitalismo, como forma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma exploração comercial ou industrial.
Não é menos verdadeiro que a economia de mercado foi fortemente amparada pelo surgimento e aperfeiçoamento das “Partidas Dobradas”, o que equivale dizer que se verificou uma interação entre os dois fenômenos.
Nas primeiras décadas do século XX houve uma evolução significativa da Contabilidade para a Contabilidade Gerencial, onde o crescimento das grandes corporações americanas obrigou seus administradores a se prepararem para coordenar as múltiplas atividades de uma complexa organização.
Nesse momento, foram criados alguns importantes instrumentos de controle, dentre os quais o “Indicador de Retorno sobre o Investimento”, considerado por muitos, a mais importante e duradoura inovação da Contabilidade Gerencial.
A Contabilidade de Custos
O objetivo principal da Contabilidade não é apenas fornecer dados para o Fisco, mas proporcionar as informações necessárias para uma correta decisão e avaliação das alternativas de uma empresa. À medida que as organizações evoluem, produzindo dezenas de artigos diferentes, mais complexas se tornam as decisões gerenciais relacionadas a cada produto.
Pelo fato de a Contabilidade Geral (ou Financeira), como é mais conhecida) fornecer às organizações apenas dados compactados, surgiu a necessidade de informações mais detalhadas sobre os custos e sobre o valor dos estoques que pudessem servir como ferramentas para o aprimoramento do controle dos resultados e, consequentemente, para fins de decisões gerenciais.
Percebe-se na afirmativa de OLIVEIRA ([1]) a sua proposta do aprimoramento da produção através dos instrumentos da Contabilidade Gerencial:
- “Com a natural evolução das organizações e a sofisticação de suas atividades, a Contabilidade de Custos se tornou um dos instrumentos da Contabilidade Gerencial. Sua função principal é fornecer valores para a tomada de decisões, contribuindo para o aprimoramento da produção. Dá ênfase aos cálculos e à interpretação dos custos dos bens produzidos (ou dos serviços prestados) e é totalmente voltada para sua equipe interna” (p.65).
As principais atividades da Contabilidade de Custos são:
– Ajudar a determinar um preço normal ou satisfatório para os produtos vendidos;
- Ajudar a fixar um limite mínimo para as reduções de preços;
- Determinar os produtos mais rentáveis e os não rentáveis;
- Controlar estoques;
- Fixar um valor para os estoques;
- Testar a eficiência de diferentes processos;
- Detectar perdas, desperdícios e roubos;
- Separar o custo da ociosidade do custo de produção de bens; e
- Estabelecer vínculos com as contas financeiras.
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([1]) OLIVEIRA, Luis M. “Controladoria: Conceitos e Aplicações”. São Paulo. Ed. Futura, 1998.