O Mundo Socialista Pós-Guerra

Quais Mudanças Políticas Ocorreram Após a Morte de Stálin? O Que Foi a Coexistência Pacífica? Por Que os Soviéticos Incentivavam as Guerras de Libertação no Continente Africano?

 

Socialistas e ComunistasApós 1945, a URSS retomou suas anteriores diretrizes interrompidas com a 2ª Guerra, que havia provocado pesadas perdas humanas e materiais soviéticos. O 4º Plano Quinquenal (1946/50) fixou a reconstrução econômica, tendo seus resultados limitados por causa do desvio de recursos para a fabricação de armamentos clássicos e nucleares, necessários em virtude da Guerra fria.

O 5º Plano Quinquenal deu prioridade à elevação da produção de equipamentos, ao desenvolvimento da industrialização da Sibéria e da construção de grandes centrais hidrelétricas.

Mas, desde a morte de Stalin (1953) ocorreram mudanças na política econômica, a qual adotou diretrizes mais flexíveis, culminando com a permissão de empresas capitalistas estrangeiras se estabeleceram em território soviético.

Convencidos de seu poderio (bombas atômicas e de nitrogênio), os dirigentes da URSS adotaram uma política interna e externa mais tolerante, renunciando às ameaças de guerra, diminuindo os investimentos em indústrias bélicas e intensificando a produção de bens de consumo a fim de proporcionar melhor nível de vida ao povo soviético.

Refletindo a nova orientação aplicou-se o Plano Setenal (1959-1965) marcado pela descentralização regional, valorização de regiões siberianas favorecidas com a expansão industrial e maior concentração mecânica na agricultura; pelo estímulo à produção energética e pela permissão para as empresas venderem livremente a produção excedente.

A nova orientação da política soviética – proclamando a Coexistência Pacífica – assistiu a crescentes choques entre a China e a URSS. As divergência sino-soviéticas começaram com um pronunciamento do dirigente soviético – na Polônia – criticando o comunismo chinês.

japão século xixDesde então, conflitos na fronteira, a retirada de técnicos, o corte de ajuda soviética à China e as censuras chinesas à política soviética representaram alguns aspectos da cisão entre Moscou e Pequim.

A Coexistência Pacífica foi considerada uma traição à Revolução Socialista e, as afirmativas soviéticas de que a luta armada não constituía a única forma para conquistar o poder, acabaram sendo tachadas pelos chineses de traição ao marxismo revolucionário.

Acusado de posições personalistas e responsabilizado pelos fracassos no desenvolvimento econômico, Krutschev foi destituído (e substituído) por Leonid Brejnev.

Daí, os Planos Quinquenais voltaram a oferecer prioridade à indústria de bens de equipamento, embora os índices apresentassem um desenvolvimento global envolvendo aumento de salário e padrões de consumo; a agricultura permaneceu problemática.

Os soviéticos aumentaram seu apoio às guerras de libertação no continente africano (Etiópia, Angola) e, na Ásia, o crescente expansionismo chinês levou a URSS a reforçar sua aliança militar com o Vietnã – inclusive em sua guerra contra o Camboja. Em 1979, a URSS realizou controvertida invasão ao Afeganistão sob a alegação de impedir a revolução interna de muçulmanos anticomunistas, o que provocou violentos protestos dos EUA, da China e críticas da Romênia.

A morte de Brejnev (1982) elevou Yuri Andropov à condição de secretário-geral do Partido. Seu governo causou mudança na política interna: _ o sistema político deixou de ser dominado por um líder, crescendo os poderes do Partido e do Estado.

Além do mais, a importância dos tecnocratas começou a superar a dos burocratas. O combate à corrupção tornou-se uma das preocupações do governo, mas o desenvolvimento econômico permaneceu insatisfatório – principalmente pela escassez de alimentos.

Os elevados gastos militares vinham reduzindo os investimentos nas indústrias produtoras de bens de equipamento, sem que as indústrias de bens de consumo melhorassem. Os produtos eram de baixa qualidade e escassos.

A produtividade caía porque a centralização econômica limitava a criatividade dos trabalhadores e, em fins da década de 70, era evidente a estagnação econômica.

Ronald ReaganAs relações diplomáticas com a China melhoraram, embora tenham se tornado tensas com os EUA governados por Reagan, empenhado em instalar mísseis nucleares na Europa Ocidental, cortar a venda de cereais à URSS e não hesitando em invadir Granada – no Caribe.

Andropov morreu no início de 1984, ascendendo ao poder Constantin Chernenko que continuou com a campanha contra a corrupção, embora não tenha conseguido completar suas reformas.

A escolha de Mikhail Gorbachev – para suceder Chernenko – representou uma profunda modificação na sociedade com o fim do predomínio dos dirigentes idosos – cujas idades médias excediam 75 anos. Gorbachev anunciou novas diretrizes, as quais se baseavam na Glasnot e na Perestroika.

A Glasnot pode ser entendida como abertura, transparência, mais liberdade e/ou democracia. Implicou a liberdade de imprensa, das artes, cultura, ciência e da política. Significou o aprofundamento da democracia socialista através do voto secreto, da redução dos mecanismos estatais, a permissão para os dissidentes se manifestarem e até viajarem ao exterior. Já Perestroika deve ser entendida como uma reestruturação que representou o conjunto de reformas, visando modernizar a economia soviética.

GorbachevSempre sorridente nas fotos, Gorbachev procurou projetar uma imagem diferente dos dirigentes soviéticos, afirmando a necessidade de a sociedade ter acesso a um padrão de vida mais elevado – o que seria atingido com a racionalização da administração –, o combate à burocracia e a contestação à indiferença e ineficiência dos trabalhadores, visando aumentar os índices de crescimento da produção e resgatar os valores e a dignidade dos indivíduos.

As reformas incluíram a adoção de modernas tecnologias e métodos, a criação de empresas de economia mista (com capitais estrangeiros) e podendo os lucros ser remetidos ao exterior – desde que fossem pagos 20% de impostos.

Nas relações internacionais houve visível esforço de reduzir os pontos de atrito com a China e os EUA, daí as propostas de retiradas das tropas soviéticas no Afeganistão e o empenho em concluir acordos com os americanos reduzindo armamentos – sobretudo nucleares.

Em 1991, o avanço do nacionalismo, da democracia e da liberdade desintegrou a URSS, a qual foi substituída pela Comunidade dos Estados Independentes (CEI). Nesta, predominou a Rússia (presidida por Boris Yeltsin), mas mantiveram-se fora a Estônia, a Letônia, a Lituânia e a Geórgia. Foi o fim do modelo soviético de socialismo e de Gorbachev, que renunciou em 1991.

Eleito presidente da Rússia, Boris Yeltsin convocou a Assembleia Constituinte, quando começou a desestatização da economia e a liberação de preços das mercadorias, contribuindo para a crescente oposição ao governo.

O ano de 1993 foi marcado pelo conflito entre o Executivo e o Parlamento, tendo este aprovado a demissão de Yeltsin, que não hesitou em bombardear o Legislativo. Contudo, a crise econômica e social favoreceu o crescimento do Partido Liberal Democrático – de tendências ultranacionalistas.

No final de 1994, tropas russas invadiram a Chechênia – que proclamara sua independência três anos antes – sucedendo-se vitórias e derrotas, culminando com o acordo de cessar-fogo prevendo a retirada das tropas invasoras em 1996.

Yeltsin foi reeleito em 1996 e, mesmo assim, não conseguiu pacificar o país e para isso muito contribuíram os boatos sobre seu estado de saúde, abrindo espaços às ambições de novos líderes políticos e chefes militares.

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