As Principais Estruturas de Mercado Em Que as Empresas Se Inserem

O Que Provoca a Interação Entre a Oferta e a Demanda? Como se Caracteriza a Concorrência Perfeita? Quais São as Condições para Que Haja um Monopólio de Mercado? O Que Caracteriza Um Oligopólio?

Por definição, o mercado é um local abstrato onde existem forças agindo nele, tais como as forças da demanda e as forças da oferta. Essas forças são antagônicas e, quando ocorrem de maneira simultânea, isto é, quando elas interagem, configuram o mercado (VASCONCELLOS; GARCIA, 2012).

A interação entre oferta e demanda provoca resultados diferentes no mercado, já que existem vários tipos de mercados e cada um deles apresenta características próprias. Uma empresa que atua em determinado tipo de mercado poderá ter mais ou menos poder de determinação de preço, por exemplo, do que outra empresa que atua em outro tipo de mercado.

Os vários tipos de mercado dependem basicamente de quatro (4) fatores. O primeiro deles está relacionado ao número de empresas que atuam nesse mercado. O segundo diz respeito ao tipo de produto produzido e vendido no mercado, isto é, a existência de um bem substituto ou homogêneo. O terceiro aborda a capacidade de influenciar o preço de mercado. O último fator está associado à existência ou não de barreiras ao ingresso de novas empresas no mercado.

Nessas estruturas, a ideia é identificar as várias características comuns entre as empresas que atuam no mercado. Dessa maneira, você poderá compreender o funcionamento do mercado de automóveis, o mercado de frutas em determinado estado ou região, o mercado de telefonia e internet, ou ainda, o mercado financeiro brasileiro, entre outros.

Existem quatro (4) tipos de mercado que mais facilmente podemos encontrar. Dois deles são casos extremos: a concorrência perfeita e o monopólio. Os outros dois são a concorrência monopolística e o oligopólio. Outros tipos também são o monopsônio e o oligopsônio.

Concorrência Perfeita

A concorrência perfeita é um tipo extremo de mercado porque uma das suas características é a grande concorrência entre as empresas. Em condições normais, dificilmente ocorre uma intensa competição, já que existe uma série de imperfeições no mercado que podem distorcer ou limitar a livre competição entre as empresas.

Essa é uma estrutura de difícil aplicação prática, já que poucos setores poderiam ser enquadrados dentro desse mercado, funcionando mais como um modelo ideal de mercado. Ou seja, até se aproxima do mercado, mas é uma situação hipotética. Apesar disso, o seu estudo é importante, pois dele derivam uma série de implicações, tanto para os consumidores como para as empresas. As hipóteses básicas do modelo de concorrência perfeita são:

  • A existência de um grande número de compradores e vendedores;
  • As empresas produzem um produto homogêneo, isto é, são substitutos perfeitos entre si;
  • Existe transparência do mercado, ou seja, todas as informações são conhecidas por todos;
  • A entrada e a saída da empresa do mercado são livres.

A primeira hipótese diz que é necessário um grande número de empresas no mercado. Isso significa que cada uma delas não tem o poder sobre o mercado. Ou seja, elas não conseguem influenciar o mercado sozinhas, como por exemplo, em relação ao preço do produto oferecido. Isto, associado ao fato de as empresas oferecerem um produto que seja substituo perfeito entre si, implica que cada uma das empresas seja tomadora de preço.

Nessas condições, o preço do produto é determinado pelo mercado, por meio da interação entre oferta e demanda, e a empresa aceita esse preço como uma variável dada. Cabe a ela, apenas, determinar as quantidades a serem produzidas ao preço de mercado (ROSSETTI, 2002).

Monopólio

O monopólio é um tipo de mercado no extremo oposto ao da concorrência perfeita, já que nesse caso não há concorrência, pois o setor é composto por uma única empresa. Nesse caso, o empresário controla inteiramente a oferta do produto no mercado e os consumidores terão de se submeter às condições impostas pelo ofertante ou deixar de consumir o produto. As hipóteses do monopólio podem ser resumidas assim:

  • O setor é constituído por uma única empresa;
  • O monopolista produz um produto para o qual não existe substituto próximo;
  • A empresa tem pleno poder de determinação do preço do produto.

O fato de a empresa ter pleno poder de determinação de preço não significa que ela elevará continuamente seu preço, pois se isso acontecesse, os consumidores gradativamente diminuiriam as quantidades demandadas e, uma das características de um mercado monopolista, é a existência de uma única empresa e para isso deve haver barreiras que impeçam a entrada de novas empresas no mercado. Entre os principais fatores que explicam a existência de um monopólio, pode-se destacar:

  • Controle sobre um fator produtivo;
  • A existência de patentes que impedem a produção de um bem por outras empresas;
  • Controle estatal de determinados serviços;
  • Elevado custo para a instalação de novas empresas no mercado.

Em relação aos demais tipos de mercados, o monopólio pode obter lucros mais elevados em função de que controle que a empresa pode exercer depende de uma série de fatores. As patentes terminam, as matérias-primas são substituídas, novos produtos surgem. A continuidade de um monopólio é mais factível quando há a proteção de leis governamentais ou o controle estatal de determinados setores que podem ser considerados estratégicos e de segurança nacional (como petróleo, comunicações e energia).

Concorrência Monopolística

O meio termo entre a concorrência perfeita e o monopólio é a estrutura de mercado chamada de concorrência monopolística, onde suas principais características são:

  • Existe um grande número de empresas nesse mercado que produzem produtos tidos como diferenciados, porém são substitutos próximos entre si;
  • As empresas possuem algum poder de determinação de preço do seu produto.

O poder da empresa para estabelecer o preço do produto vai depender, basicamente, do tipo de produto que ela está produzindo. Quanto mais diferenciado o produto em relação às outras empresas do mercado, maior o poder da empresa (VASCONCELOS; GARCIA, 2012).

Do contrário, quanto menos diferenciado, menor é o poder da empresa e, portanto, o preço tende a ser mais próximo ao das demais empresas do mercado. A diferenciação do produto pode se dar em termos de embalagem, desenho, características físicas, tamanho ou promoção de vendas (brindes, propaganda, manutenção, entre outros).

Oligopólio

O oligopólio é caracterizado por possuir um reduzido número de produtores e vendedores no mercado, que fabricam produtos ou disponibilizam serviços que são substitutos próximos entre si. Por exemplo: indústria do transporte aéreo, rodoviário, siderurgia etc. Em outras palavras, significa que são apenas poucos vendedores, cada um vendendo produtos idênticos ou similares entre si.

Entre as empresas oligopolistas, existe certa interdependência econômica e, embora todos os produtos sejam importantes, as decisões sobre o preço e a produção de equilíbrio são interdependentes, porque a decisão de um vendedor influi no comportamento econômico dos outros vendedores. Os padrões de concorrência em mercados oligopolísticos são: qualidade dos produtos (durabilidade, resistência etc.); publicidade e propaganda dos produtos (brindes, ações promocionais etc.); desenho (design do produto); outros.

Quanto às barreiras à entrada, ao considerar-se um novo entrante no mercado, pode-se citar: financeiras – os altos custos iniciais de estruturação e implantação de uma empresa podem ser uma barreira para outra empresa entrar no mercado; técnica – a produção de bens e serviços que requerem muito conhecimento tecnológico pode ser uma barreira para outra empresa entrar no mercado e; legais – imposições e fiscalização governamental podem ser uma barreira para outra empresa entrar no mercado.

Eventualmente dentro do oligopólio é possível encontrarmos a formação de um cartel. O cartel consiste em um agrupamento de empresas que busca limitar todas as formas de concorrência a partir do estabelecimento de um preço comum com objetivo de maximizar os lucros de forma conjunta. No Brasil, um exemplo de cartel é no mercado de combustíveis líquidos.

Monopsônio e Oligopsônio

O Monopsônio é um tipo de estrutura em que existem muitos vendedores e um único comprador. Essa estrutura ocorre normalmente nos mercados de fatores de produção (matéria-prima e mercado de trabalho, por exemplo), quando uma grande empresa instalada em determinado local é a única contratante ou única compradora de produção local. Por exemplo, uma empresa que se instala em determinada cidade do interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva da mão de obra local. Nesse caso, ou os trabalhadores trabalham nessa empresa ou se mudam para outra localidade.

O Oligopsônio é a estrutura oposta ao monopsônio, ou seja, é um mercado em que existem poucos compradores que dominam o mercado de muitos vendedores. Um exemplo de oligopsônio é o setor de autopeças, no qual existem poucas empresas montadoras de automóveis que são os únicos clientes dos produtores de autopeças.

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As Imperfeições da Concorrência e do Sistema de Preços

 

Quais São as Condições Que Definem a Concorrência Perfeita? O Quadro Real é Caracterizado Pelas Mais Diferentes Formas de Imperfeições no Sistema de Preços? Caso Essas Imperfeições Prevaleçam, Como se Determinarão Preços e Quantidades? Como as Atividades Produtivas Serão Orientadas?

 

 

 

 

Uma das estruturas mais simples das estruturas concorrenciais é a de Stakelberg ([1]), cuja simplicidade está no elemento básico que foi adotado para a diferenciação. Trata-se do número dos que intervêm no mercado, tanto do lado da oferta (vendedores), como do lado da procura (compradores). Essa abordagem se tornou clássica e, embora excessivamente simples, por deixar de considerar outros elementos importantes para a diferenciação, ela seria a matriz de desenvolvimentos posteriores.

Segundo sua posição, as estruturas de mercado não se limitam apenas às hipóteses da concorrência perfeita (em que se basearam os economistas liberais dos séculos XVIII e XIX) e do monopólio (que passaria a ser considerado a partir do fim do século XIX). Entre esses dois extremos, há várias situações definidas a partir do número dos que exercem as atividades e oferta e de procura.

Partindo desse elemento diferenciador Stakelberg evidenciou nove (9) diferentes estruturas de mercado possíveis e, de acordo com ele, considerando-se unicamente o número de compradores e vendedores, a concorrência perfeita seria caracterizada pelo grande número de participantes nos dois lados considerados (vide tabela abaixo). Na hipótese de haver um grande número de compradores defrontando-se com apenas um vendedor, estaria caracterizada uma situação típica de monopólio e, invertendo-se as posições, com grande número de vendedores mas com apenas um comprador, estria configurada uma situação de monopsônio.

E, diametralmente oposta à situação de concorrência perfeita, poderia ainda ser caracterizada uma outra situação, a qual é definida pelo monopólio bilateral, em que se defrontam no mercado apenas um vendedor e apenas um comprador. Além dessas, também existiriam as situações definidas por ele como quase-monopólio e quase-monopsônio. Trata-se de situações em que o único vendedor ou o único comprador teriam de se defrontar, com um número pequeno de compradores e de vendedores.

Tabela 3

A partir dessas classificações reunimos elementos para diferenciar quatro (4) estruturas de mercado, as quais têm atraído a atenção dos teóricos contemporâneos e, dentro dessas 4 estruturas, podem ser enquadradas as diferentes situações observadas no mundo econômico real. Essas estruturas podem ser apontadas como reproduções das diferentes classificações existentes. São elas:

  1. Concorrência Perfeita: Uma estrutura de mercado sob concorrência perfeita deve preencher as seguintes condições: (a) elevado número de produtores e de compradores, agindo independentemente de tal forma que, pela pequena importância de cada um, nenhuma possa reunir condições suficientes para modificar os padrões da oferta e da procura e, consequentemente, o preço de equilíbrio prevalecente; (b) inexistência de quaisquer diferenças entre os produtos ofertados pelas empresas produtoras; o produto da empresa “A” deve ser considerado pelos compradores como substituto dos produtos das empresas “B”,…..”K”,….”N”; (c) perfeita permeabilidade de tal forma que não existam barreiras para o ingresso de novas empresas, sendo fácil e inconsequente o abandono do mercado por parte de qualquer uma das empresas que dele já participem; (d) devido à padronização dos produtos e ao grande número de vendedores e compradores, não há qualquer possibilidade de que atitudes isoladas passam alterar as condições vigentes; aliás, do ponto de vista de uma empresa isolada, são ineficazes quaisquer tentativas de diferenciação ou de concorrência extra preço.
  2. Monopólio: As condições que caracterizam o monopólio são opostas às da concorrência perfeita: _ (a) existência de apenas uma empresa dominando a oferta e, dessa forma, no regime de monopólio, o ramo industrial e a firma são expressões sinônimas, pois a indústria monopolista é constituída por uma única firma; (b) inexistência no mercado de produtos capazes de substituir aquele que é produzido pela empresa monopolista; assim, não há alternativas para os compradores. Ou seja, eles comprarão do único produtor ou deixarão de consumir o produto; (c) inexistência de competidores imediatos, devido às barreiras para o ingresso de outras empresas no setor; como o surgimento de outra implica o desaparecimento do monopólio, a manutenção das barreiras constitui condição sine qua non para a permanência da dominação; as barreiras podem ser econômicas, técnicas ou legais que são impostas para resguardar determinados monopólios que são exemplos alguns serviços de utilidade pública (água, telefonia, etc.) ou algumas áreas de levado interesse nacional (o petróleo no Brasil, por exemplo); (d) considerável poder de influência sobre os preços e o regime de abastecimento do mercado, em decorrência do qual o monopolista pode controlar os níveis de produção e da oferta; este poder é tanto maior quanto menores forem as intervenções aplicadas pelo governo; (e) devido à plena dominação do mercado, os monopolistas dificilmente recorrem à publicidade; os consumidores que necessitam de água, energia elétrica ou telefone só terão um fornecedor a quem recorrer.
  3. Oligopólio: Estas não são perfeitamente definidas como as da concorrência perfeita ou do monopólio. Dois setores de produção dominados por oligopólios podem não reunir características semelhantes e, de forma geral, as condições que regem o oligopólio são as seguintes: (a) um pequeno número de empresas dominando o mercado de tal forma que 80 ou 90% da oferta sejam realizadas por um grupo reduzido de produtores; (b) as indústrias oligopolistas podem estar produzindo bens padronizados; a atividade de um setor sob oligopólio tanto pode ser a mineração, em que os produtos são padronizados, como os setores automobilísticos, de eletrodomésticos ou cosméticos em que os produtos são promovidos no mercado através de diferenciação; (c) devido ao pequeno número de empresas, o controle sobre os preços pode ser amplo, dando lugar a acordos, conluios e a práticas conspirativas; (d) a concorrência extra-preço é considerada como vital; como a “guerra de preços” pode prejudicar todas as grandes empresas do setor, estas recorrem a outros expedientes concorrenciais; (e) o ingresso de novas empresas geralmente é difícil; há consideráveis obstáculos, devido à dominação exercida pelas gigantescas empresas que detêm parcelas substanciais do mercado.
  4. Concorrência Monopolística: Essa expressão foi cunhada por Chamberlein ([1]), identificando elevado número de situações de mercado verificadas na realidade e situadas entre os extremos da concorrência perfeita e do monopólio, mas sem as características resultantes do pequeno oligopólio. Trata-se de estruturas de mercado em que há grande número de empresas concorrentes e em que as condições de ingresso são fáceis. Mas, cada uma das concorrentes possui suas patentes ou então é capaz de diferenciar o seu próprio produto de tal forma que passa a criar um segmento próprio de mercado, que dominará e procurará manter. Todavia, o consumidor encontrará outros substitutos e, dessa forma, não ocorrerá o monopólio puro. Determinada patente ou elemento de diferenciação pode significar uma espécie de monopolização, mas havendo outros concorrentes, também haverá concorrência. Em resumo, suas características são: (a) existência de um grande número de empresas relativamente iguais em poder concorrencial; esse número se situa numa posição intermediária entre a concorrência perfeita e o oligopólio; (b) acentuada diferenciação dos produtos; o bem de cada empresa apresenta particularidades capazes de distingui-lo dos demais e de criar um mercado próprio; (c) apreciável mas não muito ampla capacidade de controle dos preços; isso dependerá do grau de diferenciação do produto, da proximidade dos concorrentes, de seu número e de seu esforço mercadológico; (d) facilidade para ingresso de novas empresas no mercado. Essa facilidade é bem maior do que nas estruturas dominadas por oligopólios, mas algumas barreiras tornarão o ingresso sempre mais difícil do que no caso da concorrência pura; essas barreiras são decorrentes das dificuldades existentes para conquistar fatias significativas de mercado e para diferenciar o novo produto a ser introduzido.

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([1]) STAKELBERG, H. F. “Princípios da Teoria Econômica”. Madri, Instituto de Estudos Políticos, 1946.

([2]) CHAMBERLEIN Edward H. “The Teory of Monopolistic Competition”. 7 ed. Cambrigde, Mass,  Harvard University Press. 1956.